terça-feira, 12 de abril de 2016

existe mais que o avesso

imagem via pixabay


Flutuante na realidade. Não a que gostaria, mas a que está imersa em meu corpo todo. De alguns fatos, não acreditaria na existência não fosse o atrevimento da coisa vindo descaradamente e tomando os sentidos. É assim, uma manifestação intrusa.

Sabe uma possessão? Tá bom, já viu algum filme de terror em que um espírito revoltado vem e se apossa de uma mocinha tão indefesa e educada, mas de princípios indescritíveis? Talvez existe o avesso essa seja eu: pensando ser tão boa, educada, vívida, generosa. Mas, um ser complicado, inconstante, complexo, cheio de outras sutilezas incompreendidas, às vezes, intrusas em meu corpo como o espírito que falei há pouco. A possessão de mim e em mim.

Tem lógica: O que lhe toma o tempo todo? Eis a pergunta fria, grossa, com ar de inocência desmedida; ridícula; dolorida. Escrever, pensar criar? Tudo isso leva tempo e toma um tempo precioso demais para ser medido ou direcionado para o inútil que necessita ser vivido. Se for assim, hesito, latejo, não desejo, nem quero por ora. Prefiro outros meios que me fazem uma pessoa mais viva, sentindo a carne, o meio e o osso que dá o suporte para um corpo suspenso e íntegro para suportar o desmedido, o sem noção.

Mas eu tenho um tempo, uníssono, só meu. Intocável, inabalável, quieto e fatigado. Um tempo em reboliço que algumas vezes não entendo, porque não está aqui mesmo para ser entendido, está aqui para existir independente do que espero dele. É quase uma pessoa, quando ouso pensar o que seu poder faz de mim. Um indivíduo independente e sem medo de ninguém.

Existir está incrustado entre o tempo, quem está lá e o que fazer do que se tem. Tarefa difícil quando se trata de expor o humano em meio ao concreto das ruas, porque não podemos colocar as abstrações no centro de tudo, que ganharia o nome popular de loucura. E como seria esse mundo tão emaranhado de certezas se fôssemos todos loucos, vivendo de fantasias e diálogos desconexos? Talvez nossa existência tivesse mais alguns sentidos e pudéssemos criar mundos com maior liberdade.

Criar mundos? E quem deseja isso?

Liberdade? E quem ousa viver em liberdade?


Só temos a resposta dentro da gente.

2 comentários:

  1. liberdade é um negócio difícil e trabalhoso.

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  2. Eber e quando se escreve sobre ela parece que o universo interior vai se abrindo em busca dessa força, é incrível!

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