quarta-feira, 6 de abril de 2016

o sentido de dentro

imagem via pixabay


Sabemos quando é necessário parar um pouco, ou dar um freio brusco em algo que fazemos por gosto quando essa coisa começa a nos mover numa espécie de desorientação.

Uma pausa. Um passeio. Uma viagem. Alguns dias, meses ou anos distantes desse eu tão conhecido, mas sempre tão inacabável, e que está em total transformação. Mutável, eternamente mutável.

Instintivamente – e é muito mais complicado entender-se nesses dias movidos sobretudo pelo movimento inabalável da existência – algo perpassa delicadamente a cortina sensível que resiste. Entender, compreender, perceber mais que o jogo concreto das aparências.

Por que tudo, tão de repente, passa a ter um significado ambíguo, contestador, como se de fato estivesse ali tentando mostrar o outro lado da sua própria vida? Então, é esse o sentido?

A busca é a ultrapassagem imprevisível de si, sem ninguém que dite a cartilha teórica de como se vive e como deve ser. Não há nenhuma experiência escrita ou relato de alguém que tenha vivido da mesma maneira. O que há é o tempo veloz e o ser palpável que vive.

Talvez se necessite muito mais da descoberta, não por observação das muitas histórias triviais que aparecem diariamente, mas pela pura e total vivência de dentro do corpo, da mente, das explosivas e sutis sensações – imperceptíveis até, quando convidativas e provocantes.

E é sempre diante da gente que permanecemos intocáveis pela vasta capacidade do mundo nos transpor para algo que já existe.

E não é que enfim me dou conta que eu necessito de tudo aquilo que deixei em estado latente? Preciso e quero só para mim, mas de outra forma, por outros meios, outras percepções e sentidos que ultrapassassem palavras e sentimentos já tão desgastados: o fluxo da consciência – andando, tateando, fluindo, sendo em cada exato momento.

Deixo-o correr agora, mais livre e independente, sem início, meio e fim. Já estamos exaustos de ficções previsíveis, como se não existisse a alma do mundo dentro de cada um.                                                           

3 comentários:

  1. Pati, sua belíssima crônica me lembrou de um filme que eu gosto muito(posso dizer que está entre os meus 10 filmes preferidos) chamado: Comer, Rezar e Amar.

    Acho que todos nós passamos momentos difíceis durante a vida e, então, chega-se um momento no qual precisamos nos desprender de tudo e todos, pois, somente assim, nos damos conta do que é necessário termos e do que é necessários nos desfazermos na vida.

    Amei!

    Beijo!

    Alexandra Collazo.

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  2. Ame como se não houvesse amanhã. Esqueça como se não tivesse vivido e viva como se não existisse o futuro. Simples assim (na teoria, claro....rs)... Parabéns pelo texto.

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