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Quantas vezes o silêncio é necessário
ao dia não sabemos, mas gostaríamos de ter um alerta bem no momento que
antecede uma derrapada brusca – daquelas que o só o silêncio é mestre em
resolver. Quando nos deparamos com inverdades que não podemos forçar a barra.
Silêncio.
Muito mais solicitam o nosso silêncio
do que percebemos. É essa capacidade de silenciar que tantas vezes se torna
nosso maior presente do dia, e com ele vamos moldando uma casa clara, limpa e
de tons mais alegres. Falo do silêncio inteligente, quando é utilizado para
acalmar os ânimos e evitar confusões que desgastam o que temos de mais precioso
em nossas mãos: nosso contato humano e a comunicação com o outro.
O silêncio, nas muitas ocasiões em
que estamos à beira do nosso abismo interior ou exterior é nossa reflexão mais
real, o fluxo coerente das nossas palavras que se guardam para o momento certo,
reformulando-se, adaptando-se, seguindo-nos a passos firmes, mostrando-nos que
nem sempre a palavra dita é a melhor opção para se provar algo. Espera, calma,
olha o silêncio.
Há muitas fórmulas bem treinadas e
estimuladas em livros de autoajuda, até mesmo alguns romances consagrados que trazem
roupagens, através de personagens e roteiros que ensinam a arte de silenciar
para o próprio bem. Não existem fórmulas prontas - existe a experiência, casos,
acasos, histórias que se repetem e assim se tornam as melhores fontes para
consulta pessoal. Vemos tantas vezes como as nossas crônicas que nos ajudam a
viver mais silenciosos e prestando mais atenção em outras formas de linguagens
que estão por aí.
É no silêncio oportuno que
vivenciamos nossa extrema capacidade de entrega a uma solidão única e
diferenciada: a de estarmos completamente sós e absorvidos dentro de nós por
uma presença às vezes desconhecida, mas prestes ao início de uma compreensão; é
como ser iniciado numa sociedade secreta, onde o iniciado vai tateando pântanos
e personagens nem sempre confiáveis, mas sobretudo vai se adaptando, caminhando
e estendendo os olhos ao que está à frente para ser descoberto.
Há maneira mais livre de se conhecer,
sem passar pelo silêncio que nos revela o que de mais vivo levamos no corpo e
na alma? Mas, para conhecer o que se é em profundidade depende muito mais do
ato de expansão de si, de onde se pode chegar pelo caminho mais claro.
Essa falta de sons que parece mais
profunda do que podemos imaginar exige sermos maior do que o silêncio vazio que
muitas vezes nos persegue por puro orgulho, lembrando também o paradoxo de que
é preciso silenciar diante de si várias vezes ao dia. E quando já for
insuportável calar, a fala sempre virá para nos tirar do conforto do silêncio.
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