segunda-feira, 25 de abril de 2016

queria ganhar a compreensão do mundo

imagem via pixabay


Se eu ainda fosse criança e me perguntassem o que eu gostaria de ganhar hoje diria que o que mais desejo e quero ganhar hoje é a compreensão do mundo.

Não saberia, com certeza, que compreensão seria essa que pedi, seria somente a compreensão de alguma coisa que me inquieta. Essa mesma coisa por quem me debato todos os dias para pegá-la de surpresa como um mosquito que zune ao canto do meu olho, quase entrando no mundo paralelo dos meus ouvidos e que me incomoda terrivelmente. Canta, resmunga, fala o que não posso entender. É sua linguagem que não se encontra com a minha e aí não tem jeito porque não há o entendimento entre os dois, o mosquitinho e eu. Serei entendida, ou será impossível juntar o que vou dizer ao mundo?
   
Tenho minha imensidão criança e adulta ao mesmo tempo, e às vezes me afogo diante da devastação das duas quando trazem coisas que vivencio pela primeira vez. Ela, essa criança hospedada, costuma pegar meus braços ainda ingênuos e sai juntando todos aqueles brinquedos espalhados pelo meu tempo, porque ela sabe que eles ainda são tão vivos que encantam minhas histórias e vestem meus personagens.

Sei que você que está lendo agora acabou de se lembrar de um dos seus personagens, que criou justamente para juntar um pouco desse sentido e dessa compreensão do que está além do que podemos ver. Porque se existem mais coisas que ultrapassam nossas realidades famintas de vidas, essa dimensão mágica podemos criar estendendo nossa curiosidade infantil para além da maturidade que arrebata a graça de todos esses sonhos e deseja transformá-la em personagem feito de pedra branca com olhos de gelo bem transparente.

É bom ser adulto, mas ainda há quem adoraria voltar ao tempo de criança, e confesso que algumas vezes vou lá dentro desses sonhos embora hoje prefira esse estado adulto decorado com o material original daquele tempo líquido de encantamento e empolgação pelas cores do mundo que dá roupas novas aos dias que criamos.

Todos os nossos personagens podem sobreviver. A fórmula da vida eterna deles está em nossas mentes. Podemos deixá-los vivos, seremos seus amigos, irmãos, heróis, rivais, amantes, seus pais criadores. Teremos o conto do “e assim foram felizes para sempre” sempre dentro das nossas mãos carregadas de tintas. São essas as crianças que não podem morrer e não seguem a lógica compromissada do mundo bruto e real, porque são os imortais que criam a conexão viva das horas.


Agora, vem uma pergunta muito tênue e movediça e circular: aonde estão nossas crianças reais e interiores que deixamos em algum lugar, e só agora lembramos delas com a angústia e o medo que movimentam nossas almas carentes de sonhos e alguma segurança? Minhas crianças estão aqui ao meu lado, mas também andando pelo mundo, na Turquia, em Israel, no Afeganistão, Egito, Japão, Índia, Transilvânia, Sibéria e bem ali, quase na fronteira do Butão com seu índice de felicidade às alturas.

2 comentários:

  1. Gostei!! Belo texto!! Adorei o blog! Dá uma olhada no meu: http://zumbidocoletivo.blogspot.com.br/

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  2. Alexandre obrigada pela leitura e indicação do seu blog, com certeza vou olhar. Abs.

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