terça-feira, 28 de junho de 2016

tudo o que tenho a dizer

imagem pixabay



É preciso enlouquecer um pouco para encontrar a entrega necessária das nossas palavras sobre o que queremos dizer ao outro. Quando elas já se encontram rendidas nas mãos, talvez fiquemos só esperando por alguém que as entendam em sua forma nua e crua quando saem voando em liberdade de dentro da gente.
Falo da necessidade exata de como gostaríamos que fossem ditas. É só lembrarmos nossa ansiedade ensaiando as frases perfeitas e o texto exato para o momento certo que aquela pessoa ficará em nossa frente, olhando fixamente dentro dos nossos olhos. Tão programadas e provocantes, não?
Temos que enlouquecer mesmo para colocar os pingos no is. Porque as verdades doloridas e absurdas estão aí e podem até nos tocar além do que podemos suportar, mas é de um tempo único e vivido de uma só vez que necessitamos para saber o que sentimos. Precisamos tantas vezes saber ao certo por que paramos, para onde vamos e o que devemos fazer a cada pausa que a vida nos obriga a fazer.
Quem não sente que tem que provar um pouco dessa loucura todos os dias, ao menos por algum instante na vida? Ter que dizer, gritar ao outro ou ao mundo o que esperneia de sentimentos dentro do corpo? Melhor ir logo ao assunto enquanto há tempo e fôlego, porque elas, as santíssimas e ao mesmo tempo endemoniadas palavras necessitam estar aonde caminha nossa loucura que se veste de impaciências, dormências, inconsciências, e algumas vezes se torna a fiel conselheira invisível tão urgente.
Agora penso que falar dessa loucura é estar mais perto do que é mais verdadeiro que se tem a dizer. Não se pode negar o que se tem dentro de si. Às vezes parece que é aleatório, vindo tão intensamente, sem saber ser dito em uma linha lógica que estrutura as ideias num ato continuo.
E se as tais respostas não vierem até nós, persistirão as interrogações querendo tomar um corpo marcado tensão do não entendimento, do não saber para que serve tudo isso que está diante de nós, em que pode ser útil e verdadeiro em seu estado mais puro. Nada das obviedades que estamos acostumados a nos equilibrar: para onde, para quê, não olhe, não pare, não toque.


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